Cidade de São Paulo registra falta de AstraZeneca em 86% dos postos de vacinação contra a Covid

Ampola contendo 5 doses do imunizante Oxford/AstraZenca — Foto: Miva Filho/SES-PE

A cidade de São Paulo registrou falta de doses da AstraZeneca em 86% dos pontos de vacinação contra Covid-19, nesta terça-feira (28). O problema tem sido recorrente desde o início do mês, quando 100% dos postos chegaram a ficar desabastecidos.

Nesta terça, às 12h, o Filômetro da prefeitura indicava que 464 locais de imunização, dos 539 que estão em funcionamento na capital, estavam sem a vacina produzida no Brasil pela Fiocruz.

Edson Aparecido, secretário municipal da Saúde, informou nesta segunda-feira (27) que, em caso de desabastecimento, os profissionais de saúde estão liberados para realizar a intercambialidade de vacinas, ou seja, aplicar a Pfizer no lugar da segunda dose de AstraZeneca.

“Nós devemos receber mais doses de Pfizer nesta semana. De AstraZeneca, ainda não temos uma notificação por parte da secretaria estadual e do Ministério [da Saúde]. A Pfizer, além de [ser indicada para pessoas acima de 12 anos] e para o reforço, tem a segunda dose e tem o intercâmbio”, informou Aparecido.

Os dados do Filômetro também mostravam que 8 postos desabastecidos de AstraZeneca não estavam realizando intercambialidade, sendo que apenas 2 deles estavam sem doses da Pfizer.

Procurada pelo g1, a Secretaria Municipal da Saúde disse que irá apurar a razão pela qual as seis unidades que tinham doses da Pfizer disponíveis não estariam completando o esquema vacinal das pessoas que receberam a primeira dose contra Covid-19 da Oxford/AstraZeneca.

Em direção oposta, 12 pontos de vacinação permaneciam com a prática da intercambialidade de vacinas, mesmo tendo disponibilidade de doses do imunizante da Fiocruz.

Doses chegam na quarta-feira (29)

A capital paulista receberá na manhã de quarta-feira (29) 93,6 mil doses de AstraZeneca e 253,4 mil doses de Pfizer, de acordo com o secretário municipal da Saúde, Edson Aparecido. A destinação é a aplicação exclusiva de segundas doses de ambos os imunizantes.

De acordo Aparecido, por ser uma remessa já carimbada, não há como o Município anunciar a data de início da aplicação das doses de reforço em profissionais de saúde (sem ser com doses remanescentes, a chamada xepa da vacina) e os idosos com mais de 60 anos. Para esses dois grupos, a cidade aguarda o envio de nova remessa.

O secretário também afirmou que pretende deixar mais claro no instrutivo a orientação de fazer intercambialidade de vacinas.

“Estamos reorientando todas as unidades (…) que não dispensem as pessoas sem fazer as D2. No instrutivo essa orientação está desde quando iniciamos a intercambialidade. Vou tirar das observações e colocar em destaque na primeira pagina do instrutivo”, afirmou.

A mudança foi divulgada na tarde desta terça-feira (28). O instrutivo de vacinação passa, agora, a ter a seguinte orientação:

“ATENÇÃO: enquanto perdurar a indisponibilidade das vacinas de AstraZeneca para completar o esquema vacinal (segunda dose). fica estabelecida a intercambialidade excepcional e emergencial das segundas doses de AstraZeneca pelo imunizante da Pfizer. As UBS e postos de vacinação, com falta do imunizante da AstraZeneca, aplicarão o imunizante da Pfizer para completar o esquema vacinal (segunda dose).” Confira abaixo:

Instrutivo de vacinação destaca a intercambialidade de vacinas — Foto: Reprodução

Instrutivo de vacinação destaca a intercambialidade de vacinas — Foto: Reprodução

A última remessa do imunizante enviada pelo Plano Estadual de Imunização (PEI) a São Paulo foi de 831.475 doses, na quarta-feira (22), sendo 567.900 de Pfizer, 212.445 de AstraZeneca e 51.130 de CoronaVac.

Neste sábado (25), apesar de menos de 20% dos postos de vacinação contra Covid-19 estarem em funcionamento, a prefeitura da capital já havia liberado a prática da intercambialidade de vacinas novamente, já que algumas unidades estavam começando a ficar desabastecidas.

Intercambialidade

A intercambialidade das vacinas da Pfizer e da AstraZeneca foi chancelada pelo Comitê Científico do Governo do estado e pelo Programa Estadual de Imunização (PEI), que embasaram a decisão em estudos da Organização Mundial de Saúde e orientações do próprio Ministério da Saúde.

A decisão também foi aprovada em deliberação bipartite com o Conselho dos Secretario Municipais de Saúde de São Paulo (Cosems).

* Com supervisão de Cíntia Acayaba

Fonte: g1.globo.com