Sistema de saúde do Japão pode entrar em colapso, alertam médicos

Médicos no Japão alertaram que o sistema de saúde do país pode entrar em colapso em meio a uma nova onda de covid-19.

O grande afluxo de doentes fez com que alguns pacientes em estado grave não pudessem ser atendidos em salas de emergência, segundo autoridades do país.

Uma ambulância que carregava um paciente com sintomas da doença foi rejeitada por 80 hospitais até ele ser atendido.

Médicos no Japão alertaram que o sistema de saúde do país pode entrar em colapso em meio a uma nova onda de covid-19.

O Japão, que inicialmente parecia ter o vírus sob controle, ultrapassou os 10 mil casos confirmados neste sábado (18/04).

Mais de 200 pessoas morreram de covid-19 no país. A capital Tóquio é a cidade mais afetada.

Médicos cirurgiões gerais estão auxiliando hospitais com a testagem de pacientes para aliviar um pouco da pressão sobre o sistema de saúde da cidade, dizem autoridades.

“Isso é para evitar que o sistema de saúde desmorone”, disse Konoshin Tamura, vice diretor de uma associação de cirurgiões gerais, à agência de notícias Reuters.

“Todos precisam estender uma mão para ajudar. Caso contrário, os hospitais vão colapsar”, ele acrescentou.

Michael Bristow, editor do Serviço Mundial da BBC na Ásia, diz que médicos japoneses têm se queixado da falta de equipamentos de proteção, um sinal de que o Japão não está bem preparado para lidar com o vírus.

Enquanto isso, o primeiro-ministro Shinzo Abe tem sido criticado por não ter imposto mais cedo medidas restritivas, temendo efeitos negativos na economia. Somente na quinta-feira Abe ampliou o estado de emergência para todo o país.

O governo está tentando aumentar a capacidade de testagem por meio de sistemas de drive-thru. Nas últimas semanas, o Japão realizou menos exames que outros países desenvolvidos, o que pode ter dificultado o acompanhamento da evolução da doença.

Segundo a Universidade de Oxford, os testes feitos pelo Japão no último mês equivaleram a 16% dos que foram realizados na Coreia do Sul no mesmo período.

E, diferentemente da Coreia do Sul, que conseguiu controlar a epidemia por meio de testes em larga escala, o governo japonês disse que fazer muitos exames era um “desperdício de recursos”.

No Japão, a testagem é conduzida por centros de saúde locais, e não por agências nacionais, e alguns desses centros não estão equipados para fazer testes em grande escala.

Mas, na sexta-feira, Abe indicou que seu governo estava mudando a política sobre testagem para torná-la mais ampla.

“Com a ajuda de associações médicas regionais, vamos criar centros para testagem”, ele disse em uma coletiva de imprensa.

Os comentários ocorreram pouco após ele anunciar um estado nacional de emergência por causa da piora nos índices da epidemia.

A medida vigora até 6 de maio e não contempla o uso da força nem punições para quem não a cumprir.

Vários governos regionais vinham reivindicando uma ampliação do estado de emergência, alegando que seus hospitais estavam sobrecarregados.

As duas associações médicas japonesas divulgaram um comunicado conjunto no qual dizem que “já estão vivenciando o colapso do sistema médico emergencial”.

O prefeito de Osaka pediu a moradores que doem capas de chuva para que sejam usadas como equipamentos de proteção por profissionais de saúde – que, na ausência de trajes adequados, estariam recorrendo a sacos de lixo para se proteger.

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